domingo, 27 de setembro de 2009

Sou só som...


Uma relação que se sagra fiel: uma só sogra, uma só nora e uma sonora veia musical. Palavras densas dançam, faz-se samba das sombras, mambo das mangas, tango das tangas e todo barulho se embaralha.
Dos sons dos passos do percurso fez-se a percussão, seu eco, a repercussão, de quando foram dados descalços, superando todos os percalços até que se pusessem os calçados, pra dali o sapateado, e ademais os penteados da música pra fazer a cabeça.
Uma lâmina ilumina os pelos quando por ela friccionados, como cordas, emitindo notas como um violino. Dedos tocam e teclam músculos das costas como um piano, ombros vibram graves, libertos da dor aguda num solo-massagem. Ar faz de sax e tórax um só orgão...

Música-alimento, que já vem pronta pra pôr no prato, classificada na prateleira, para o meu pranto, para o meu lamento... Música de franja e de fama, de franquias de francos atiradores, da sílfide que fede, de quem confunde cifra e cifrão.

Hoje ainda música a remo, que 'navegabytes' pelas ondas ao rumo da conexão. Afinal, quem vai 'ceder' DVD vedado, 'cassete'! A Medida Provisória Nº3 (MP3) deixa-te livre pra ouvir as arpas nos Arcos da Lapa ou nas vitrolas do LP... Vem o fone para o fonema como a cena para o cinema e a música pra tocar na rádio e no tecido 'celular'...



Eu quero música pra ingerir, para que a próxima geração possa digerir e até mesmo sugerir uma nova versão, ou mesmo ter aversão ou virar do avesso, quero mesmo é que fiquem tocados, que saiam de suas tocas!
Minha música é de musa, é de massa, é de classe e sem gleba, que tudo engloba. É de ousadia pra violar o violão... Não há dó a rimar se não sei se faz sol lá, se não sei se vou solar sem a luz de uma tintura, sem a partitura da batuta do maestro, para que se aprenda mais uma escala na escola, para que se escute a cútis do trecho tatuado, o timbre dos tímpanos... Para que eu possa fazer uma sonata com uma só nota depois ler nas orelhas do Aurélio: ouvido ou vida...

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Necessidade de Expressão (A)normal



Eu sinto falta do afeto dedicado ao fetos diante de suas fotos. Sinto falta de quem burle as bulas e veja a vida bela num papel de bala; do descabido e do impensável; das surpresas das presas no pescoço de quem não é caça...
A massa mantém a marca, que mantém a mídia, que controla a massa, e um hacker invade a mente terráquea... Eu já sabia desse fado, desse 'foda' que serve pra tudo: oi, tudo bem, sim, e você, bem também, promoção e pra mocinha a insígnia da ignorância, de quem está propenso a pensar com a pança, do coração no pâncreas da maré mansa.



Lamber sabão, catar coquinho, plantar batata, pentear macaco e os cacos de um infarto fulminante iminente, nas letras miúdas do contrato, desafiam as lentes de contato, que constatam um ser carente e alérgico a corante amarelo, que considera que amar é elo imortal, contra o tempo... Amarelo na folha de papel, não na folha verde vegetal.
- Executem os execrados! - Não esqueça de respirar! Enquanto eu amadureço no amadorismo. Sou coluna um, dois e do meio, coluna vertebral. Sou até coluna de jornal, só não sou calúnia, etc. ou o tal... Sou o instante tantã contra o discurso escasso. Úteros frutíferos: louvados sejam os amores e seus protótipos, para que o ser humano seja mais ameno sem que seja menos.


Como um calafrio rasgado do vinho que passeia pela traqueia, uma veia aberta não me aborta, só aborda que esse flerte pela morte convidativa, mesmo com vida ativa, é aproximar-se de um mártir, como se fosse o fim, como se eu fosse fóssil, como se o prazo fosse presa fácil quando se preza pela boa prosa... poética, do nosso crédito inacumulável de 86.400 segundos, zigotos diários, para que todo ontem seja História, todo hoje seja matéria e o amanhã, mistério...