sábado, 27 de fevereiro de 2010

Torto, do contrário e ao avesso...



De ponta cabeça desde de lá do berço, estardalhaço de uma palhoça. Pronto a ser palhaço, tom de quase outono, pierrot errado. Carnaval-Narciso, meio que mal visto, semi-indeciso, que caiu em Março.
Só tamborilo com os dedos o nosso enredo, fico parado no andamento: concedo tarde, retardo cedo, a marcação me deixa surdo e com marcapasso.
Entro no Bloco dos Banguelas com Bengalas: quão mais velho mais que valha as minhas falhas de alegoria. Alegaria que não me interesso por outro adereço além do endereço da cabrocha linda que eu vi nessa ala.



Aliá-la é mais feeling do que fala: não me adianta o intelecto, conhecimento léxico... Ela livre na malemolência e eu com um livro na mala. Ela folia, eu folheio. Leio a história de outros mestres que dançaram nessa sala.
Sou Arlequim de quinta com quesitos esquesitos: não entendo essa gente, esse flash, todos tão contentes jogando confete, todos tão mambembes com seus copos breves.
E esses encontros repentinos de serpentina curta? Passarão da Quarta? E o folião nesse salão como uma pipoca? Suado, engordurado e aos pulos à procura de uma boca.



Veste o corpete, joga a poeira pra debaixo do carpete, não se levanta! Troca plumas e paetês por pão pullman com patê que hoje é nossa a descoberta. É Colombo e Colombina boca-a-boca, de ficar de boca aberta.
Mas se ela pede até saboto a labuta, enfrento o vento, toco o tarol num toró, faço um coral ancorar nos seus ouvidos! Canção do mar... Remando... Rei-Momo mesmo declara quase todo o seu aval.
Tem das forças navais, desse e de outros carnavais, tem de toda a juventude e tem da alma do boêmio: nós unidos e acadêmicos ou eu meio vovô, já gagá, mandando a ver no agogô! Tem um pouco de cada dose. O nosso apogeu é mais um samba entre ela e eu, arrebentando na apoteose.

PARA LER OUVINDO: "Todo Carnaval Tem Seu Fim" do Los Hermanos, do álbum "Bloco do Eu Sozinho" de 2001.