Tiririca é a pororoca. É o encontro das águas: as rasas de onde ficam os focos das muriçocas e as quedas (do pára-quedas) onde cada onda é catarata. É a cegueira: a fogueira e os foguetes de uma candidatura caricata. Tiririca é o encontro das águias. Das aves de rapina do 'de repente', do condão ao contrário do conto do vigário. É o pseudo encanto pelo escândalo, ledo engano.
Tiririca é a velha política coroca dos poros impuros, sujos de caraca. É um pretexto disfarçado de protesto, uma prótese que promete proteína. No PR, Partido Recreativo, o ideal foi fundido mas poderia ser findado: vestiram 'PL' de cordeiro comprada no PRONA.
E tire ricos do ostracismo e garotinhos do castigo. Peregrinam por fichas limpas, alvas, brancas, como o vestido que combina com a grinalda. Mas Tiririca não ridiculariza a democracia. É, sim, sério ao ser sincero, sem sarro. Tiririca é uma surra de 'assim será'. É a ditadura da atadura, de cobrir o eterno ferimento: o da mente.
E não adianta a censura. Não é assim que se sara. Não adianta empurrar o leito com ele eleito, tampouco o gelo após elegê-lo. Tiririca é pirilampo, é o anti-herói idolatrado, iletrado. É o circo personificado. É o piriri da perereca, a titica da ética apática.
Tiririca é maraca, é o barulho do chocalho. É um estádio lotado que só projeta um chiado descomunal: o analfabeto político vota no analfabeto funcional. É o 2222 expresso, é a pressa para que a política seja enfim apocalíptica.
pra ler ouvindo: "Expresso 2222" de Gilberto Gil.
Texto apresentado no Projeto Colisão Literária, Espaço Cultural Sylvio Monteiro, 16 de Outubro de 2010, Nova Iguaçu-RJ.
Texto apresentado no Projeto Colisão Literária, Espaço Cultural Sylvio Monteiro, 16 de Outubro de 2010, Nova Iguaçu-RJ.