domingo, 17 de abril de 2011

EFEITO


Não faz efeito, não mais olfato, nem mais na foto nos vemos de fato, não mais oculto o desacato. Mesmo se for refeito se ainda se está refém, já não se defende, já não se difunde, só se definha o sócio-defunto. 
É feito uma infecção inflexível: nada mais apetece, nada mais acontece, nada diz tanto quanto à distância. A sub-instância da substância, é febre gélida que me devasta.
É droga que não bate, toca e  não se sente, um grito inocente que não berra de arrepio, que não dá um pio. Não o calor do calouro, mas o veterano: frio. E aí nos inveteramos, nos invertemos. Nos esverdiamos  numa moldura madura. Caímos de vez do pé, caímos aos nossos pés, suspeitos, a sós, ao SUS, azuis de fome, enfermos da branca paz.


Não aceito a receita do 'tiro e queda': chazinho e panos quentes na dor de cotovelos, na dor de cultivá-los. A contragosto, a contragotas, reprimindo o comprimido. A posologia me adverte com advérbios detentos, presos em tempo e intensidade: de 6 em 6 farpas, a cada 8 marcas, de 12 em 12 cordas, antes de cada foda, depois de cada fado um novo conto de fadas engarrafado. Pontual, pontiagudo, expurgante.
Repudio o remédio. Fico inerte, sem norte. Esquizofrênico, catatônico, apoplético! É pico na veia ou Aveia Quacker, a busca por um alívio qualquer. Certos cortes não secam, certos fortes sucumbem. 
Se antes afago, hoje a fuga. Antes veneno agora antídoto. Peco pelo excesso antes que você me peça pra cessar. As datas adultas ditam tudo, são anuladas minhas surpresas pouco práticas. Não por acaso, herdei um quebra-cabeça, pra fugir da masmorra, pra salvar do marasmo. 


Não defendo essa mecânica do coração como ferramenta, aberto com chave de fenda, fechado com ponto de finda. É aí que a ferida se torna querida, se celebra a chegada da chaga. 
Difícil admitir que perdemos para o desconhecido, ainda que óbvio, parece indigno: um semi-término, um cemitério. E o que fazer se me dizes que não há defeito, que não há de fato algo a ser refeito?

PRA LER OUVINDO: "Novos Horizontes" de autoria de Humberto Gessinger, gravado pelos Engenheiros do Hawaii em 2007.