sábado, 18 de abril de 2009

Do Costume...



O hábito, o óbito e a falta do ímpeto.
Filosofia dos olhos: as estrelas ou as placas de propaganda? as vitrines ou as flores na varanda? os colírios ou os lírios? Não mais se esbugalham, ficam em frangalhos diante do bagulho. Retinas de rotina: lacrimejam o arder do sabor de balas de naftalina. Baseiam-se em retas, visões robóticas, dispensam as perpendiculares, metidos em observações particulares, não debatem, 'caolham' para o nariz fazendo tudo tender ao tédio.
O costume nasce da muita confiança, do crime com fiança, do atual conhecer tão bem que resulta em futura ignorância. Daí um buraco na pista, um deslize na via ou na estrada da vida, não se desvia e se desvirtua na Via-Crucis. Costume é casa abandonada em rua sem saída, balde vazio em terreno baldio. É instalar-se no polígono da passividade, dilacerar-se em amaciante Confort ou Fofo, estirar-se diante de um sofá de mofo da zona do conforto.



O costume masca chiclé, mascara o chichê e prende 'recém-amores' no inconsciente da infinitude, do sempre, do 'sempre coca-cola', e fideliza um traço de amor obeso, jogado ás traças que tatuam iniciais desbotadas ao tempo do cair de uma folha seca. E aí, diante do eterno a falta: da ligação maior que o sono da madrugada, o 'eu te amo' inesperado, os ramalhetes e os verbetes aos cinco meses, a poesia a sete dias e três horas de namoro, um educado desaforo contra o velho novo: um modo arcaico, não em hebraico, grego, aramaico, mas como se fosse a última, como se fosse a única.
Um pouco menos do alento do amanhã, da obrigatoriedade das datas exatas, dos pequenos lembretes para a nossa amnésia: máquina de ponto pronta a cumprir tabela. Menos da marcha dos passos padrão da continuidade conformada, conforme os moldes de um uniforme. Onde agora estão os cisnes negros, os elefantes róseos e os pássaros verdes para afugentarem a pomba branca da paz comodista, das commodities no banco do acento da poltrona?

A liberdade contra o que apregoa a preguiça e o normal, que nos pregam e não nos diferenciam de roupas no varal: suor encharcado, pingando à busca de um lugar ao sol. E como então livrar-se do fim da linha, da queima da lenha, dos radicais livres que nos prendem? A vida para o trabalho e não o contrário, que nos cobra desenvolvimento mesmo dentro de uma engrenagem, onde estabilizar-se é 'engrenar', onde fala mais alto a grana, a gana e a voz de quem te engana.
Tire a poeira das fotos, molhe os lábios, exerça a exceção, seja excepcional: o imperecível contra a fome, o imprevisível para a meteorologia, no momento entre o lamento e a lama, da ferrugem da engrenagem, quando eles regem as regras não regue as rugas, pois eu, ainda, não me acostumei a me acostumar.

sábado, 4 de abril de 2009

A COR DAR





E se a coragem tivesse cor, que cor ela teria? Talvez apenas 'a cor dar', dar cor, quebrar o sono esquizofrênico: do coma ao croma. Porque se você não acordar eles farão outro acordão, e não haverá Vara pra cancelar, nem vara de condão. Eles darão a cor, eles a cor darão. E se você abstrair, será abstração? Não! 'Abstraição!
'Do Senado no escurinho safardano na cúpula do plenário, da cúpula ao cúmulo, ao curioso fato da inversão. Ora, o mundo está ao contrário e ninguém reparou? E se eu andar plantando bananeira? Eles não colhem 'laranjas'? Parlamentares hortifrutificados, calhordas, Calheiros, ultrafortificados... E vem a calhar calar? Cale-se! Afasta de mim. Afasta a nefasta responsabilidade.

Eu quero bronze pra o meu corpo, ouro no meu dedo e prata no pescoço. Deles eu tenho raiva, mas não rosno, não lato, nem mordo. Um vira-lata que se preze vive de restos. Everyday! Pra todo dia! E o prato do dia é desinformação em lata, com conservante concomitante. Biscoito Globo: polvilho e água, barriga inchada de quase nada... Enlatados americanos, novelas açucaradas, bordões embutidos e nessa 'catigoria' nós somos campeões. "Né brinquedo, não!" "Uhul, Nova Iguaçu!", né Bial?
Vaie! Porque a vaia é o aplauso dos descontentes. Manifesta o teu grito desumano, pelos olhos da morena, pela psique da loira, pelos cabelos da ruiva, pelas barbas de molho... Grita, ladra, uiva! Uiva a tua dor de um assalto a voto armado, pois se uivares pra dentro, no teu silêncio, serás teu próprio lobo. E no meio de tudo você se salva da selva?