quinta-feira, 15 de março de 2012

NÃO SE SILENCIA À VIOLÊNCIA

Não se silencia à violência. Não se apanha pois há Penha. Não há mais a penhora de si, senhora, por vergonha. Exponha e vete, ou a conivência será canivete. 
O mês do 'dia internacional de a cada 24 segundos uma mulher espancada' e a Estatística espantada, enumera quem considera isso maneiro, corriqueiro. Nós, no ócio parcimonioso de um ser tímido que não move um centímetro diante do recato, da pudícia em vez da denúncia. 
O que se pode colher quando, em briga de marido e mulher, enfia-se o talher pela goela? Garfos desacatam a força tridente. Estridentes, alicates ali catam dores banguelas. Os percalços do estresse não justificam a justa faca no pescoço. Põe-se as armas no almoço do calvário.
Julgar agora é com caco na jugular: o caco da perda do foco, o caco da quebra do copo, a porca bebida pro corpo, que não pode ser percebida como normal. Fator catalisador não atenua desatino comportamental. A potência de sua patente que faz ostentar o arrocho, o hematoma, o olho roxo, ainda que qualquer puxão venha a ser confundido com paixão. Amor em excesso ou obsessão?
E quando ainda o filho, coagido, judiado, crescido mediante a ofensas e ameaças. A infância diante da infâmia, a calúnia que fere a coluna, os maus exemplos e experiências correndo na espinha dorsal.
Depois do achincalhe, agora, colhe-se os frutos: podres. Fraturas! Escolhe-se a escória, escurece a escoriação. A caça, de coragem escassa, esquece de si. 
Tropas de força contra os trapos do estupro. Luz de vela semi-cadavérica é como a velha luz no fim do túnel. O primeiro passo pra tirar o peso, pra manter o fogo da vida aceso, os candelabros em equilíbrio. 
Dê parte! Ou então, a violência baterá a sua porta, bem ao lado da sua casa. A violência Bruno, violência 'Maca', Guilherme de Pádua. A violência que você conhece dos jornais.  A violência 'Pimenta Neves' que não se esvai. Violência hoje se assina 'Lucena', pseudônimo 'Malakhay'. 



Denuncie: Rio de Janeiro
Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher 
Endereço: Av. Visconde do Rio Branco, 12- Centro
Tel.: 2332-9994/2334-9859/2332-9996/2224-6643

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

SÃO SEBASTIÃO DO RIO DEGENERA

















Rio, 40 grãos de sementes inférteis. Rio de transportes inúteis, Rio de chefias inertes. Rio... Gargalho amarelo no sufoco da chibata. Eis o carioca em figura caricata: desacatado nas agruras da sucata.
Age, Agetransp! Regula os metrôs retrôs das antigas, dos tempos idos dos trajes de gala, que hoje a gola sua no calor que me estrangula.
Age-Transp na Supervia inviolável, na viagem inviável das surras, da sarradinha na saradinha, malan-dramaticamente, malan-drasticamente carioca.  
Age-Transp naqueles que abarcam os abusos, os aumentos aos montes, os sessenta por cento. Ah, nem Mem de Sá poderia imaginar, nem Estácio se aqui estivesse: Barcas S.A, Barcas S.O.S.
Age-Transp nos terminais marginais, nos dormitórios de mendigos, nos mictórios rodoviários que povoam Pavunas neles... Nas Centrais batizadas de mijo, não teria nojo Seu Américo Fontenelle?
















Hoje a Santa Tereza de São Sebastião se esconde. Foi ferida, coitada, naquela queda do bonde, naquele muro, naquele poste, naquela fratura exposta. Depois daqueles arcos não são índios que nos flecham. 
E a sujeira, passageiro? Cabe a nós avaliar. Cabe a nós evoluir. Cabe carnavalizar. 
Pondera, bate o pandeiro, faz barulho! Muralha de vozes à procura de uma melhora. Deixe no surdo a batida do palpite, sem recuo, ao reger do apito, a missão. A intromissão de quem pena, mas opina, intervem e vence e vem!
E venha! Venha aos blocos, sem abaixar as placas, venham "monos" ou "bangalas", donos de suas falas, pra mais um Fevereiro fervoroso em pleno primeiro de Março!
São Sebastião do Rio degenera: braços abertos sobre a nojeira. A Guanabara que acabara olímpica aniversaria opaca. 

domingo, 8 de maio de 2011

SER MÃE É PODER SER O PARAÍSO

Quando a gente é semente, na barriga, nem é gente ainda, já há afeto. A gente é feto, a gente chuta, a gente é chato, é de enjoar! E ela é só entrega, radiografa, é desejo, enchoval e nosso chá.
Passa o parto, o colo, o seio, dá um aperto no peito! Ela nos arruma pro colégio, ela nos prepara pro ilógico da vida. A gente não usa mais fralda, mas continua fazendo caca. Crescemos, mas devemos a ela muito do que somos. Ainda que, na sua crença, sejamos ainda meras crianças. Toda mãe deveria ser diva, tratada como uma dádiva. Toda mãe é santa: fortaleza e fragilidade. 
É de verdade! É divindade! A mãe do carrasco, a mãe do guarda, a mãe do árbitro, a mãe que balança o berço, a mãe que merece abraço! Não há como ser tão grato, não dá pra medir o grito desse amor sincero, o único que talvez será assim: Incondicional! Amor de filho, amor maternal!
Hoje o orfanato ficou finito, todos adotaram uma forma de dizer, na verdade, que este tipo de amor, mãe, este sim, traçado foi na maternidade. Ser mãe é poder ser o paraíso!

Texto de autoria de ALAN SALGUEIRO.
Foto de BRUNA JACUBOVSKI
Fica o link do blog da Bruna, que é fotógrafa profissional e faz um excelente trabalho temático com grávidas, partos, bebês e casais http://www.brunaaj.blogspot.com/

domingo, 17 de abril de 2011

EFEITO


Não faz efeito, não mais olfato, nem mais na foto nos vemos de fato, não mais oculto o desacato. Mesmo se for refeito se ainda se está refém, já não se defende, já não se difunde, só se definha o sócio-defunto. 
É feito uma infecção inflexível: nada mais apetece, nada mais acontece, nada diz tanto quanto à distância. A sub-instância da substância, é febre gélida que me devasta.
É droga que não bate, toca e  não se sente, um grito inocente que não berra de arrepio, que não dá um pio. Não o calor do calouro, mas o veterano: frio. E aí nos inveteramos, nos invertemos. Nos esverdiamos  numa moldura madura. Caímos de vez do pé, caímos aos nossos pés, suspeitos, a sós, ao SUS, azuis de fome, enfermos da branca paz.


Não aceito a receita do 'tiro e queda': chazinho e panos quentes na dor de cotovelos, na dor de cultivá-los. A contragosto, a contragotas, reprimindo o comprimido. A posologia me adverte com advérbios detentos, presos em tempo e intensidade: de 6 em 6 farpas, a cada 8 marcas, de 12 em 12 cordas, antes de cada foda, depois de cada fado um novo conto de fadas engarrafado. Pontual, pontiagudo, expurgante.
Repudio o remédio. Fico inerte, sem norte. Esquizofrênico, catatônico, apoplético! É pico na veia ou Aveia Quacker, a busca por um alívio qualquer. Certos cortes não secam, certos fortes sucumbem. 
Se antes afago, hoje a fuga. Antes veneno agora antídoto. Peco pelo excesso antes que você me peça pra cessar. As datas adultas ditam tudo, são anuladas minhas surpresas pouco práticas. Não por acaso, herdei um quebra-cabeça, pra fugir da masmorra, pra salvar do marasmo. 


Não defendo essa mecânica do coração como ferramenta, aberto com chave de fenda, fechado com ponto de finda. É aí que a ferida se torna querida, se celebra a chegada da chaga. 
Difícil admitir que perdemos para o desconhecido, ainda que óbvio, parece indigno: um semi-término, um cemitério. E o que fazer se me dizes que não há defeito, que não há de fato algo a ser refeito?

PRA LER OUVINDO: "Novos Horizontes" de autoria de Humberto Gessinger, gravado pelos Engenheiros do Hawaii em 2007.

domingo, 27 de março de 2011

Surto Reflexivo Autofelicitativo


Existem as redes sociais pra lembrar que você existe pelo menos dentro das redes sociais. Num ano desses troquei as datas, larguei de Peixes, virei Leão. Não faltaram as mesmas repetidas mensagens e toda aquela congratulação. 
Vou ali versar, cortar embróglios em fatias. Dessa vez a tia meu deu bolo, não fez o bolo porque trabalha à beça. Eu só queria abraços, menos abalos... Mas vieram à distância, a distância ao superlativo, como um completo supletivo por correspondência, conveniência. Como as lojas de posto, rapidinho, aposto!
Em vez do primeiro pedaço, celebrei o primeiro petardo, torpedo. Escute as palavras faladas-lidas, falidas, pouco válidas. Lida com as exclamações em negrito, tá tudo lá escrito, escrachado, como um mecânico recall, em forma de recado. Fez-se um mural pra dar moral, pra se curtir, pra se encurtar a relação testimonial.  
Eu refuto, reluto e relato a inércia, o silêncio, o estranhamento, o estrangeirismo, uma ilha e eu e a inquietação, inadaptação. Quanto mais sufixo, mais sufoco a ação. Sem festas ou manifestações, alardes e alaridos, preciso e preso apenas pela presença dos meus amigos. Aqueles de mais afeto e menos cliques, que não se carece dar nome, subir o tom... Eles sabem e são alguns poucos e bons. Quero opiniões, bifurcações e não o trivial. Quero sinônimos e os binômios do Melamed, o 'não se mede' universal.

Desejar o desejo: sopra a vela só pra vê-la. Faça um PERDIDO!  Cante para bens ou para maus. Pressinta o presente: a caixa dentro da caixa dentro da caixa e dentro dela, no fundo dela algum teor do fundo do coração do amor. Pragmatismo e mistério!
Seja leve e sexy! Olhar-avassalar o vosso lar. Invasão sem despir e dispor o disparar. O mirar fulmina. Full! Tudo! Mina! Boom! Feliz doçura e força! Meu docinho de coco tá me deixando forte! Sugar, oh heavy heavy!  Maria-Mole dura!
Agradecimentos! Não há grades nem cimento, mas castelos, ratinbuns de fantasia. Binômios, triênios: dois a mais pra cabeça, dois a menos pro corpo, contra a maré, feito a carpa. "Todo mundo quer cafuné, todo mundo quer querer, todo mundo tudo! Bom humor e inteligência pra você!"

Pra ler ouvindo: "El Desdichado II" de Lobão, do álbum Acústico MTV.


sábado, 27 de novembro de 2010

Unidade de Política Panificadora


Toda polícia é antes de tudo uma questão política, e esta que nos deforma nos vê quadrados como pães de fôrma. Mexe com a massa, com a promessa que um doce daria, como um sonho que não fosse de padaria. Mas vem em pane, trazendo pânico.
Pacificam ou panificam? São mais o front, o enfrentamento frenético, o confronto pelas áreas, o domínio espúrio, o ó, Banco Imobiliário e Tabuleiro de War. Prédios perto milionários aumentam seus valores em meio ás condições pseudo melhores. Se conquista terra, mas mantem-se a escória: expulsam os bandos mas não prendem armas, homens ou drogas. Fincam suas bandeiras, ficam suas fardas e o tráfico migra procurando vaga.



Na favela, desassistido, o pobre frágil como um dente de leite assiste ao deleite do governo reeleito pelas bases do seu carro-chefe e sossega o facho. É faxina ou fachada? A polícia sempre se fez presente com o braço que repreende, que oprime, que defunta: o 'presunto' e agora, vem vender cidadania? Erva Daninha dos 'beltrâmites' mequetrefes. E não é o seu carro, chefe, que tá lá queimando?

O Governo se pronuncia: "Não se faz omelete sem ovos", e admite, era esperada a resposta dos criminosos. Mas peca. Não se antecipa. Come mosca e o alvo chamusca e paga o preço pelos destroços. Farinhas do mesmo saco! Nós de saco cheio, enfurnados nessas ocas, alguns com cabeças ocas, feridos por mandiocas do descaso.


Conter o tráfico é um detalhe, mas não são heróis o Pepê, o Popeye nem o Papa se não houver a sopa do desenvolvimento como alimento. Que o governo não queira tê-los como clientela a emergir seus votos dando farelos, dando migalhas, pois haverá sempre uma agulha que lhes retalha.
Chama é fogo e necessidade. Clama! É um pedido de um fodido numa guerra servil, onde polícia e bandido estão de um mesmo lado. Guerra civil é o termo, mas incomoda os inimigos de terno, que falam da Copa, que antes aqui isso nunca se viu, que a medida é severa e o problema não mais se verá.
Contra as calúnias: linhas e colunas. Espinha dorsal é educação. Ou então, a batalha naval será batalha na vala. Mais vale um lápis que escreve "vida" e é mais barato que uma bala.

pra ler ouvindo: "NUMA CIDADE MUITO LONGE DAQUI (POLÍCIA E BANDIDO)" de autoria de (Arlindo Cruz / Franco / Acyr Marques) interpretado por Leandro Sapucahy e Marcelo D2. 
créditos para as imagens: fotos 1 e 3: Flick do Jornal Extra; foto 2: designer gráfico Fábio Lopez. 

domingo, 7 de novembro de 2010

Desembucha



Desembucha contrasta com cala a boca. Solta o verbo, papo reto, dá com a língua nos dentes, quase que pedantes, mesmo que pendentes a banguela fala. Balbucia, resmunga, toda planta já foi muda, meio gugu-dadá. As primeiras palavras do bebê a se moldar no bê-a-bá. Alfa-batizado com sopa de letrinha, a cerimônia é uma sabatina: Homem alto de batina com discurso retumbante. Concluí que o padre era um autofalante.
Voando o tempo passa e vem a pomba-gíria: Fala aí! Fala tu! Fala Sério! Fala com a minha mão! Falou e disse! Fala, Garoto! Fala que eu te escuto. Xaveca, desenrola, alcooliza, mas aviso: não há gole antártico que lhe dê um ar Buárquico. Calo na voz deixa a fala tímida. Calar a voz seca, a mente cálida.
Que venha o palavrão como vírgula, mas não essa topada onde a sílaba solapa. Fingir o soluço não é solução, não tosse diante da taça. Trova, fica toda prosa, deixa que no céu da boca a língua trava. Beijo de 'tongue' ditando o ditongo, pedindo um hiato. Não é teatro mas é mais um ato: o beijo fala!



Nunca há o desdizer, pois não há como editar. Tudo tá dito ou contradito seja mal ou bendito. A falácia, falcatrua, força de um objeto fálico. O escândalo, o preferir proferir a renúncia. A pronúncia de uma dívida. Caem os candelabros, mas mantêm-se os santos, as dúvidas, mandatos. 
E aquela forma peculiar de falar, fácil de emitir, boa de imitar. Nenhum dialeto é obsoleto! - A Dilma não é um idioma, mas Dilma não é uma idiota! E as tantas outras formas, essa voz unânime inanimada, esse uníssono que dá sono, o coro burro que leva esporro, que leva no couro.
E quando a fala é um silêncio sem documento: Acorda gente, o berro é gratuito! Ainda que a voz seja pouca, ainda que a voz seja rouca, ainda que só haja ecos de cacarecos em pigarros. Não se entregue ao mormaço, não a queime em cigarros, não a deixe à mordaça. 

 
Mas também não deixe esse disse-me-disse se disseminar. Habla o blá-blá-blá, parla, burla, quebra a restrição! Se estapeia com a onomatopeia. Leva surra do sussurro. Solta os perdigotos da saliva-larva. Papo de boteco!
Pode ser como quiser: leis de fanhos, leis de gagas, afônicas ou supersônicas. Bebe a Torre de Babel! Conversa boa é com com verso, conversa boa é com prosa, pomposa, que emenda música! Boca e cabeça. Cuspe e caspa. Fala!

para ler ouvindo: "FALA" da banda "SECOS E MOLHADOS" de 1973. 

"DESEMBUCHA" é a terceira parte da trilogia da palavra. [DEDOS/CARTA/FALA]

Texto apresentado na Sessão "Intervenções Poéticas" no Cineclube Buraco do Getúlio - Especial "A Palavra". Espaço Cultural Sylvio Monteiro, 02 de Outubro de 2010, Nova Iguaçu-RJ.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Tiririca é a Pororoca


Tiririca é a pororoca. É o encontro das águas: as rasas de onde ficam os focos das muriçocas e as quedas (do pára-quedas) onde cada onda é catarata. É a cegueira: a fogueira e os foguetes de uma candidatura caricata. Tiririca é o encontro das águias. Das aves de rapina do 'de repente', do condão ao contrário do conto do vigário. É o pseudo encanto pelo escândalo, ledo engano.
Tiririca é a velha política coroca dos poros impuros, sujos de caraca. É um pretexto disfarçado de protesto, uma prótese que promete proteína. No PR, Partido Recreativo, o ideal foi fundido mas poderia ser findado: vestiram 'PL' de cordeiro comprada no PRONA.


E tire ricos do ostracismo e garotinhos do castigo. Peregrinam por fichas limpas, alvas, brancas, como o vestido que combina com a grinalda. Mas Tiririca não ridiculariza a democracia. É, sim, sério ao ser sincero, sem sarro. Tiririca é uma surra de 'assim será'. É a ditadura da atadura, de cobrir o eterno ferimento: o da mente. 
E não adianta a censura. Não é assim que se sara. Não adianta empurrar o leito com ele eleito, tampouco o gelo após elegê-lo. Tiririca é pirilampo, é o anti-herói idolatrado, iletrado. É o circo personificado.  É o piriri da perereca, a titica da ética apática.















Tiririca é maraca, é o barulho do chocalho. É um estádio lotado que só projeta um chiado descomunal: o analfabeto político vota no analfabeto funcional. É o 2222 expresso, é a pressa para que a política seja enfim apocalíptica.

 pra ler ouvindo: "Expresso 2222" de Gilberto Gil. 

Texto apresentado no Projeto Colisão Literária, Espaço Cultural Sylvio Monteiro, 16 de Outubro de 2010, Nova Iguaçu-RJ.


sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A la carte



E a carta diz: - Desacata! Seja a voz de Pero Vaz. Pergaminho é carta que 'caminha'. Hoje, emudece e emoldura. O papo é quase um guardanapo, é no papel, é um 'monte negro' na Central do Brasil. O meio termo entre o que não fala e o que não cala, aquele terno engomado, envelopado em meio à mala.
Não meça a remessa, põe as cartas na mesa. Pra lavrar o palavrão permita tudo que pode emitir a escrita. Troca a carteira por cartilha, faça do dicionário um visionário, cutuca a tchutchuca com lápis
cotoco: cada um no seu parágrafo, cada um no seu páragrafo...



Mas há quem diga que a carta é carta fora do baralho do contexto literário: perdeu os pontos, pediu as contas e os contos, e para o espanto até a margem é a imagem imaginária e marginal. Foi deixada abafada, esquecida na garrafa, congelada e virtual.
Cegonha perde a vergonha e manda a entrega por mala d
ireta. O que do seu papo sai é quase um sopapo. Golpe: está decretada uma reforma agrária, limites de hectares e caracteres, se não acatares já se desesperes.



Espaireça e veja o que paira: mais que um post-it e ninguém mais resiste: nasce o tweet. Fruto de um encontro desrecomendad
o de dois pombos tontos vira-copos vira: ele era o correio, ela era a gira.
E as cartas foram descartadas, se tornaram antigas, piégas e gagás. Eficiência agora era o truque, 140 o limite do toque, em quarentena o que não se resume, a vida vista de um microblog.
Venho por 'e-mail' desta convidar-lhes para o cortejo. Estaria a carta morta? A epístola atingida por uma pistola, fadada a um 'caixão-postal'? Jogada num buraco sueco por uns 'caras de paus' que lançam suas 'capas' fora.




Mas aí a palavra mágica, a palavra-música: Po-Po-Poker Face faz a carta ter um novo facebook. Sem corimba, com apenas seus coringas, usa os trunfos para os triunfos. A batida da carta não era fatal, não era mensagem psicografada, a carta batida era batida à máquina.
É o ilógico: pingos de "i" como bolas batem no travessão do diálogo. Crases-Traves: acentos graves contra a gravidade flutuam falsos.
Missão missiva: traz a pessoa amada em três noites (ou naipes). Não esquecer do 'ser'. Não esquecer do selo. As cartas prometem, as cartas não mentem. Verso é carta de costas: ilusionismo manuscrito. Carta à mão. Carta na manga.

PARA LER OUVINDO E ESCREVENDO: "As Cartas que eu não mando" de Leoni X "Carta ao Tom 74", duo de Vinícius de Moraes com Quarteto em Cy.

"A La Carte" é a segunda parte da Trilogia da Palavra [DEDOS/CARTA/FALA]

sábado, 14 de agosto de 2010

Ode aos Dedos



Calo é ausência e presença. Voz e dedos. Sustentação e inspiração são pés e mãos. Palavra-luva-sapato-novo.
Prosac e dois dedos de prosa. Deixa o copo com três dedos de algo. Cruza as pernas e dedos. Deixa o gesto dar o gosto, o que quiser alegar o polegar, a quais dicas der o indicador, à dedicação também ao estopim da guilhotina, dedo no gatilho.
Dedo-vida no exame do pezinho, dedo-dúvida levantado, alfabetizado. Dedos seguem pontos e são os olhos dos cegos. Todo braile brilha, toda libra palavra. Dedo-som e a dedução. Dedo que roça a boca pálida e muda faz leitura labial. Do instante para o tanto da sedução. Beijo descoberta, identidade digital.



Dedo-base dá topada no tapete, tropica. Dedo peca na trapaça, lança os dados, chuta de três dedos. Aliança. Lança ao elo. Ficam os dedos e vão-se os anéis. Numa máquina, ao se dilacerar o dedo anelar, o que de lá seria acidente, resultou em adultério.
Escolhe a dedo o que se há de colher. Dedo-apoio, equilíbrio: do cigarro, da caneta e do talher. Se o dedo dói: Band-Aid, Mercúrio! Dedo doido sem camisa-de-vênus toca... Toca um samba e os dedos dançam, cada estalo é uma nota: redondilha dedilhada.



Dedo é teu. Dedo-ET-Contato. Redimensionam e o mencionam em rede. Dedo na tecla e no clique. Dedo ateu, dedo em riste sob o risco do carrasco. Dê doideira, lamento escorrido pelos dedos-cachoeira. Dedos de desdém: um a mais é o tentáculo do polvo, um a menos é Lula a salvo. Ao subir da serra vejo dedos não mais meus. Dedo nos olhos (do furacão). Dedo de Deus.

PARA LER OUVINDO: "Tudo" do álbum "Toda cura para todo mal" do PATO FU.

"Ode aos Dedos" é a primeira parte da Trilogia da Palavra [DEDOS/CARTA/FALA]

Texto apresentado na Sessão "Intervenções Poéticas" no Cineclube Buraco do Getúlio - Especial "A Palavra". Espaço Cultural Sylvio Monteiro, 02 de Outubro de 2010, Nova Iguaçu-RJ.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Torto, do contrário e ao avesso...



De ponta cabeça desde de lá do berço, estardalhaço de uma palhoça. Pronto a ser palhaço, tom de quase outono, pierrot errado. Carnaval-Narciso, meio que mal visto, semi-indeciso, que caiu em Março.
Só tamborilo com os dedos o nosso enredo, fico parado no andamento: concedo tarde, retardo cedo, a marcação me deixa surdo e com marcapasso.
Entro no Bloco dos Banguelas com Bengalas: quão mais velho mais que valha as minhas falhas de alegoria. Alegaria que não me interesso por outro adereço além do endereço da cabrocha linda que eu vi nessa ala.



Aliá-la é mais feeling do que fala: não me adianta o intelecto, conhecimento léxico... Ela livre na malemolência e eu com um livro na mala. Ela folia, eu folheio. Leio a história de outros mestres que dançaram nessa sala.
Sou Arlequim de quinta com quesitos esquesitos: não entendo essa gente, esse flash, todos tão contentes jogando confete, todos tão mambembes com seus copos breves.
E esses encontros repentinos de serpentina curta? Passarão da Quarta? E o folião nesse salão como uma pipoca? Suado, engordurado e aos pulos à procura de uma boca.



Veste o corpete, joga a poeira pra debaixo do carpete, não se levanta! Troca plumas e paetês por pão pullman com patê que hoje é nossa a descoberta. É Colombo e Colombina boca-a-boca, de ficar de boca aberta.
Mas se ela pede até saboto a labuta, enfrento o vento, toco o tarol num toró, faço um coral ancorar nos seus ouvidos! Canção do mar... Remando... Rei-Momo mesmo declara quase todo o seu aval.
Tem das forças navais, desse e de outros carnavais, tem de toda a juventude e tem da alma do boêmio: nós unidos e acadêmicos ou eu meio vovô, já gagá, mandando a ver no agogô! Tem um pouco de cada dose. O nosso apogeu é mais um samba entre ela e eu, arrebentando na apoteose.

PARA LER OUVINDO: "Todo Carnaval Tem Seu Fim" do Los Hermanos, do álbum "Bloco do Eu Sozinho" de 2001.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Enchanté



Não diferencio mais rua de rio, daqui o rodo não se arreda, o que alaga nos aleija. A lei já era, a essa hora, escamas na cama, no esquema do que a vida não veda. Eu me cubro com lençóis freáticos!
Tem-se aqui a caravela, a luz de vela, a novela na vala, a navalha e a falta de escolha e de escola, pois mesmo o povo não leva o assorirar a sério: depositam
restos nos leitos, e não fica claro que apenas os ratos e baratas animadas seguirão a chacoalhar barbatanas e antenas.
No marasmo, a mensagem poderia chegar em garrafas: nós reféns, na mira dos sarrafos. O prefeito elabora com o barro que nos borra o seu prefácio: Fatos isolados! Enquanto flagelados, em crateras, decretam que cretinos são aqueles que nos viram as costas, que não viram risco nas encostas.



Hibernam, governam nas coxas da esbórnia, while we was born to be treated like barnabés, com pés de pato, com plástico nos pés, na lamaceira da pasmaceira de quem não nos escuta e só nos desacata. E não dá pra deixar de nos inundar?
Eles de ego inflado, nós de bote inflável tomando o bote infalível dos 'cobras', que cobrem os pobres com minas de contaminação, nos canos de esgoto de vossos vasos, de vossas fossas, das faces falsas que nos esgotam.
Em festa, as agruras de uma vida agrária nos infesta. Não é a ordem o que a gente herda, é o ônus, anos após anos na merda vendo tudo errado: sou terráqueo no arranque do barraco, ou embaixo alagado, ou do alto soterrado.

PARA LER OUVINDO: "Ode aos Ratos" de Chico Buarque, do álbum "Carioca" de 2006.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Há no Novo...



Há no novo uma esperança de um ano noivo: que se vão todos os problemas, e que desejos e realidade assim se casem como ovo e gema. Um admirável mundo menos fatigado, sem pessoas como chip, sem pessoas como gado. Que o uníssono acéfalo do 'um do um' não pense que hastear a faixa de 'sob nova direção' vai ser a grande solução e entenda que 'a paz' apenas como discurso perdeu todos os concursos para o anúncio de 'há pás' para enterrar o que ainda sobra da Terra.
Cheiro de novo: tirar dos embrulhos é sair dos embróglios, estourar plásticos-bolha é artifício, como os fogos pra orelha. E veio a novidade num F5. Arquivo>Novo: Saiu do Engenho Novo em direção ao Shopping Nova América, tomou Nova Schin ao assistir à Lua Nova. De cara nova, viu o New Kids on the Block se aventurar no New Metal e o Roupa Nova sair em turnê com o New Order, de Nova Iguaçu a Nova Dehli, de New York a New Orleans. Era a 'babá do novo' filho de Cláudia Leitte que me fez descartar os rascunhos e cunhar a próprio punho novidades anteriores.



Mas e os Novos Baianos? O Novo Testamento? O Estado Novo? A Bossa Nova? A Nova Ordem Mundial? Seu irmão mais novo... O novo já nasce velho! E todo esse novo gás diante das gagás condições mundiais: a superprodução, emissão, omissão... Homens são sucata caquética, que não reciclam, que se clonam e são acometidos por ciclones. Pois afinal, quando mesmo uma árvore vai poder se sentir 'novinha em folha'?
Vem a vontade pelo 'start', da partida para a corrida da vida, o original para a versão como a ação para a reação, mais um parágrafo de introdução, o ineditismo póstumo de uma canção: de um baú um Raul, um Renato, um Cazuza ou de um submarino amarelo pra Jackson ou Presley.
Que venha um novo Big Bang sem bang-bang e sem explosão. Contra os pleonasmos plenos que cometemos quando da 'nova inovação', do 'nunca antes na história desse país' para uma feliz ideia que estreia, que é origem, que é de gene, genial! Que debuta e faz brotar o frio na barriga, a semente do filho no ventre, que irriga e rega a luz do nascer, como se sempre fosse a primeira vez.

PARA LER OUVINDO: "Tudo Novo de Novo" de Moska, do álbum homônimo de 2003.

sábado, 14 de novembro de 2009

OlimPIADAS 2016: Eu RIO.



As anedotas que me amedrontam: as empreitadas impreteríveis das empreiteiras em superfaturar, enquanto nos sinais, cobram-se as faturas da falta de estrutura das fraturas sociais, os juros de mora pela demora, pelas favelas atrás dos muros, pelos murros na cara da falta de decoro.
Cresce a cidade-silicone, revestida de cones e canos de calibres e descargas. Vai da redenção à rendição aos obstáculos dos tentáculos do crime: fogo na pira da tocha, pois quando não há fogo no "buzu" lá a galera se arrocha na hora do rush.



Nos "milimeTRENS" se desacata, gente se atraca, quebra catraca, depreda, joga pedra e fica a socos e catiripapos. Nos "centiMETRÔS", os vagões-óvulos são disputados pelo povo-espermatozóide, que compartilha trozobas, atritos e atrasos ouvindo samba de breque em meio à sacanagem das frenagens bruscas.



E enquanto não se repudia o pódio, canalhas vão ganhando medalhas. Enquanto se compactua, o PAC dorme como um pacderme e na epiderme se sente a rajada dos que capturam os helicópteros à bala.
No céu o incêndio e ao esporte a falta de incentivo. Vitória dos espertos contra o desporto, pois enquanto dispersos e perversos não se importam, se exporta a imagem de um "Olimpo" que não é limpo, que nunca será uma Esparta, que sempre haverá um parto e uma posterior porta cerrada, oportunidade parca, estabilidade porca. E até lá só rio do meu Rio que sorri de tudo, cidade da olimPIADA.

domingo, 27 de setembro de 2009

Sou só som...


Uma relação que se sagra fiel: uma só sogra, uma só nora e uma sonora veia musical. Palavras densas dançam, faz-se samba das sombras, mambo das mangas, tango das tangas e todo barulho se embaralha.
Dos sons dos passos do percurso fez-se a percussão, seu eco, a repercussão, de quando foram dados descalços, superando todos os percalços até que se pusessem os calçados, pra dali o sapateado, e ademais os penteados da música pra fazer a cabeça.
Uma lâmina ilumina os pelos quando por ela friccionados, como cordas, emitindo notas como um violino. Dedos tocam e teclam músculos das costas como um piano, ombros vibram graves, libertos da dor aguda num solo-massagem. Ar faz de sax e tórax um só orgão...

Música-alimento, que já vem pronta pra pôr no prato, classificada na prateleira, para o meu pranto, para o meu lamento... Música de franja e de fama, de franquias de francos atiradores, da sílfide que fede, de quem confunde cifra e cifrão.

Hoje ainda música a remo, que 'navegabytes' pelas ondas ao rumo da conexão. Afinal, quem vai 'ceder' DVD vedado, 'cassete'! A Medida Provisória Nº3 (MP3) deixa-te livre pra ouvir as arpas nos Arcos da Lapa ou nas vitrolas do LP... Vem o fone para o fonema como a cena para o cinema e a música pra tocar na rádio e no tecido 'celular'...



Eu quero música pra ingerir, para que a próxima geração possa digerir e até mesmo sugerir uma nova versão, ou mesmo ter aversão ou virar do avesso, quero mesmo é que fiquem tocados, que saiam de suas tocas!
Minha música é de musa, é de massa, é de classe e sem gleba, que tudo engloba. É de ousadia pra violar o violão... Não há dó a rimar se não sei se faz sol lá, se não sei se vou solar sem a luz de uma tintura, sem a partitura da batuta do maestro, para que se aprenda mais uma escala na escola, para que se escute a cútis do trecho tatuado, o timbre dos tímpanos... Para que eu possa fazer uma sonata com uma só nota depois ler nas orelhas do Aurélio: ouvido ou vida...

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Necessidade de Expressão (A)normal



Eu sinto falta do afeto dedicado ao fetos diante de suas fotos. Sinto falta de quem burle as bulas e veja a vida bela num papel de bala; do descabido e do impensável; das surpresas das presas no pescoço de quem não é caça...
A massa mantém a marca, que mantém a mídia, que controla a massa, e um hacker invade a mente terráquea... Eu já sabia desse fado, desse 'foda' que serve pra tudo: oi, tudo bem, sim, e você, bem também, promoção e pra mocinha a insígnia da ignorância, de quem está propenso a pensar com a pança, do coração no pâncreas da maré mansa.



Lamber sabão, catar coquinho, plantar batata, pentear macaco e os cacos de um infarto fulminante iminente, nas letras miúdas do contrato, desafiam as lentes de contato, que constatam um ser carente e alérgico a corante amarelo, que considera que amar é elo imortal, contra o tempo... Amarelo na folha de papel, não na folha verde vegetal.
- Executem os execrados! - Não esqueça de respirar! Enquanto eu amadureço no amadorismo. Sou coluna um, dois e do meio, coluna vertebral. Sou até coluna de jornal, só não sou calúnia, etc. ou o tal... Sou o instante tantã contra o discurso escasso. Úteros frutíferos: louvados sejam os amores e seus protótipos, para que o ser humano seja mais ameno sem que seja menos.


Como um calafrio rasgado do vinho que passeia pela traqueia, uma veia aberta não me aborta, só aborda que esse flerte pela morte convidativa, mesmo com vida ativa, é aproximar-se de um mártir, como se fosse o fim, como se eu fosse fóssil, como se o prazo fosse presa fácil quando se preza pela boa prosa... poética, do nosso crédito inacumulável de 86.400 segundos, zigotos diários, para que todo ontem seja História, todo hoje seja matéria e o amanhã, mistério...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

(Des)Construção



Ah, se mudança fosse apenas uma questão de desmonte: um jogo de peças, não um jogo de posse... Desarmo armários, aleijo azulejos, tiro os lustres da ilustração, anulo janelas, e já nelas, me deparo com paredes em apuros. Destrato o teto para que os tijolos se desalojem ou talho um telhado de retalhos.
Não sei se todos esses caibros e cimento cabem no orçamento, se tenho no bolso para todo o embolso desse bálsamo, se posso fazer massa com doce, e com ela, sem derreter, o açúcar seque; e que daí surja, na raça, a duras penas, ao menos um terraço.


Ah, se tão fácil fosse como brincar de casinha, fugir do domínio do efeito dominó, do barulho da queda do castelo de baralho, pois em vez de casario, aqui se está numa casa-rio, onde o lago é quase a laje, em que se é quase uma fragata precisando de resgate, uma nau frágil sucumbindo ao naufrágio, em que se avistam meias soquete em meio à sucata.
Será que a solução é a dissolução? A implosão ploft, a nada soft nem sofisticada alçada do 'chão, pó poeira' ou qualquer outra manobra ou maneira, que é como obra que vem de sobras de trechos curtos em concordata.



Ah, Deus, financia a ânsia fina por um logradouro mais duradouro, como na tua manjedoura, para um cara duro - coração de ouro, tira todo o logro! Para que o mano não diga: - A casa caiu! E sim: - A casa saiu! Pois ainda haverá merenda na varanda, e a roupa que sangra será lavada em tanques de garra, ainda que no quinto dos quintais e que estes tais sejam parte do casebre pobre.
Virá a fé de ver Maria na casa de alvenaria, e com todo este esmero nascerá uma esmeralda, para que assim, todo barraco tenha o brilho do ouro do tempo Barroco.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Com sequência...



Eu nunca vi alguém da classe A morrer de hepatite B por falta de vitamina C que não fosse num dia D... Eu nunca soube o que Isto É!
Vi sim uma foda num Ford-F para que se atingisse o ponto G na hora H, com todos os cavalos de potência que nem todos os cavalos da independência deviam ter. Nem se D.Pedro I desse a todos os fins do nomes do filhos bastardos de escravas e putas do escambo, o 'Alcântra de Paula Gonzaga Bourbon e Bragança', a esperança de um JOTA erre, para que se consertasse o erro.
Me vi andando de lá pra cá, do Laika para o Ka, à la France com 'elle', encontrando MM's de N formas. Senti o sangue quente, tipo O, P da vida, na avenida Q, sem R$, ao derrapar sob uma curva em S. Era eu e apenas uma estampada T-shirt (For U) - pra você 'V' de Vingança que definitivamente: a W Brasil comanda o Arquivo X, a Geração Y e o Jay-Z.


Nunca vi pessoas de primeira linha assistindo a segundos tempos em países de terceiro mundo que não fossem em seus quartos. Mal sabia que o último dos moicanos vinha do quinto dos infernos. Nunca soube subir num pau-de-sebo nem assobiar (ou assoviar?) chupando cana.
É pique ou big no ratimbum do parabéns 'para' ou 'a' você? E as características vasculhadas da grafia dos asteriscos 'asterísticos' ou dos basculantes vasculhantes? Há pouco soube o que eram culhões... Eu pensava que só ladrão falava 'grana' e quem pusera a placa de 'não pise' já havia de ter pisado na grama.
Não casei nem comprei uma bicicleta, não me fiz de eclético nem eclesiástico. Não proferi a profecia por achar os 'eibicis' um tanto imbecis, como os degraus, as escadas e as escalas escalafobéticas. Eu sempre quis sentir sem que isso necessariamente fizesse sentido. E eu nunca pensei que chegaria ás quatro horas, cinco minutos e seis segundos do dia sete do oito de dois mil e nove.

domingo, 19 de julho de 2009

Não me acuse da micose



A epiderme coça, o dedo acusa mais um caso escuso na casa do Congresso, pois não se cassa o verme. Atos secretos, cretinos, segredam a agregação de seus netos, artistas natos dos seus melindres malandros, arcaicos e coroneicos.
Salários e Agaciel para agraciar funcionários fantasmas e os marasmos maranhenses cavam um bicho geográfico que ama a pá. Uma família faminta fomenta seus pizzaiolos e para ensaiá-los contam os que os seus cacifes sacam, e os caciques que lhes cercam, cegam ou socam, ou mesmo um mordomo para morder-lhe.
A praga da saga dos fiapos felpudos dos seus bigodes, a transparência dos seus parentes perante ás nossas fuças: invisíveis, inviáveis, invioláveis. Os ululantes apelos lendários de sua defesa defasada, evocando calendários de sua história, da moratória, de uma lenda... As lêndeas lendo pelos pêlos os piolhos que te olham, as pulgas que se empolgam e os carrapatos dos seus sapatos, nada disso passa, e você na posse me emputece e define em tese esse tipo de micose.
A geringonça desengonçada de suas farpas de piaçava não o varre dessa farra, não vai à forra, nem o ferra nem manda à porra. Mas quem sabe daqui pra frente uma piaba, onde se discerne o que se coça do que se caça, e essa sarna na nossa cara que é mais que sarda, que tarda, incomoda e se acomoda nos nossos aposentos e não se aposenta dessa pose de coma andante.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Everland



Negro querubim que a todos queria bem. Sente pelas cintas as primeiras notas, as espinhas do trauma para que se fizesse a trama, os espinhos da alma que sustentavam o drama, as faces das fivelas e dos amigos imaginários, originários de onde se podia andar na lua, dançar na rua e estar sempre no nunca.
Clipe, cena, filme, coro, coreografia... Tudo... Um semi artesanato de um artista nato, quase encomendado, recomendado. Cliques em sua sina, firmes, na cara, e o que o coração grafaria para os seus infantes o deixaria diante de uma infantaria, de gênio para androgenia, para uma década de decadência.


Mas era ele a quebrar os protocolos, pisar nos calos em grandiosa escala, quando compunha para as campanhas, solidário, ainda que solitário, sem solidez, para que se confunda aí o gentlemen e a dama; o adulto e a criança; a mágica música e a dança; a pele negra ou a branca, para o estilo que funda e difunde, e desfraciona, e funciona fácil a cada uma de sua facetas.
Fantástica beleza plástica de seus passos de Astaire e o descompasso do rosto para apenas um rastro do astro. Desafia a gravidade na luz e no blecaute, e vai a nocaute diante desses monstros de quarenta olhos, que se mostram como mortos em disfarce, sem segunda chance diante de holofotes para elefantes.



Fez, ao certo, até uma pessoa surda dançar sua música. Deficiente? Eficiente? Ciente do que sente: dom! Don't... Doesn't matter... Eles não se importam, eles só reportam do que o coração faz porto.

E nós? Nós somos o mundo: que te condena, que te rotula e te idolatra, culpados ou inocentes, ainda somos aquelas mesmas crianças da canção, sem esboçar ação, o velando em Everland. Negro querubim, que viveu na Terra do Nunca, se vai para que se lembre que viverá eternamente na Terra do Sempre.