domingo, 19 de julho de 2009

Não me acuse da micose



A epiderme coça, o dedo acusa mais um caso escuso na casa do Congresso, pois não se cassa o verme. Atos secretos, cretinos, segredam a agregação de seus netos, artistas natos dos seus melindres malandros, arcaicos e coroneicos.
Salários e Agaciel para agraciar funcionários fantasmas e os marasmos maranhenses cavam um bicho geográfico que ama a pá. Uma família faminta fomenta seus pizzaiolos e para ensaiá-los contam os que os seus cacifes sacam, e os caciques que lhes cercam, cegam ou socam, ou mesmo um mordomo para morder-lhe.
A praga da saga dos fiapos felpudos dos seus bigodes, a transparência dos seus parentes perante ás nossas fuças: invisíveis, inviáveis, invioláveis. Os ululantes apelos lendários de sua defesa defasada, evocando calendários de sua história, da moratória, de uma lenda... As lêndeas lendo pelos pêlos os piolhos que te olham, as pulgas que se empolgam e os carrapatos dos seus sapatos, nada disso passa, e você na posse me emputece e define em tese esse tipo de micose.
A geringonça desengonçada de suas farpas de piaçava não o varre dessa farra, não vai à forra, nem o ferra nem manda à porra. Mas quem sabe daqui pra frente uma piaba, onde se discerne o que se coça do que se caça, e essa sarna na nossa cara que é mais que sarda, que tarda, incomoda e se acomoda nos nossos aposentos e não se aposenta dessa pose de coma andante.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Everland



Negro querubim que a todos queria bem. Sente pelas cintas as primeiras notas, as espinhas do trauma para que se fizesse a trama, os espinhos da alma que sustentavam o drama, as faces das fivelas e dos amigos imaginários, originários de onde se podia andar na lua, dançar na rua e estar sempre no nunca.
Clipe, cena, filme, coro, coreografia... Tudo... Um semi artesanato de um artista nato, quase encomendado, recomendado. Cliques em sua sina, firmes, na cara, e o que o coração grafaria para os seus infantes o deixaria diante de uma infantaria, de gênio para androgenia, para uma década de decadência.


Mas era ele a quebrar os protocolos, pisar nos calos em grandiosa escala, quando compunha para as campanhas, solidário, ainda que solitário, sem solidez, para que se confunda aí o gentlemen e a dama; o adulto e a criança; a mágica música e a dança; a pele negra ou a branca, para o estilo que funda e difunde, e desfraciona, e funciona fácil a cada uma de sua facetas.
Fantástica beleza plástica de seus passos de Astaire e o descompasso do rosto para apenas um rastro do astro. Desafia a gravidade na luz e no blecaute, e vai a nocaute diante desses monstros de quarenta olhos, que se mostram como mortos em disfarce, sem segunda chance diante de holofotes para elefantes.



Fez, ao certo, até uma pessoa surda dançar sua música. Deficiente? Eficiente? Ciente do que sente: dom! Don't... Doesn't matter... Eles não se importam, eles só reportam do que o coração faz porto.

E nós? Nós somos o mundo: que te condena, que te rotula e te idolatra, culpados ou inocentes, ainda somos aquelas mesmas crianças da canção, sem esboçar ação, o velando em Everland. Negro querubim, que viveu na Terra do Nunca, se vai para que se lembre que viverá eternamente na Terra do Sempre.