domingo, 14 de junho de 2009

Na Morada



Antes a busca, como em bosques, por bocas. - Não que me beijam, mas que me falam e me calam e me acolhem, que me dão um baque. Daí desabam-se as minhas portas, desarmam-se as comportas e você, morena, me desmorona.
Antes a busca pela palavra: lavrada, levada e leve. Escritura sem critério onde procuro vaga. Vagueio em seus 'anseios', rabisco formas e arrisco-me em fórmulas de despudor se assim puder. Lascivo nos seus laços que me persuadem em suor, afogo-me no fulgor dos seus afagos. Irrequieto, não sei se arquiteto literatura ou a minha tara.


Antes de Caminha e suas cartas, nosso caminho de estradas fartas asfaltam a falta de ladrilhos para que nos encontremos em entroncamentos oblíquos da Via-Vida. Saio de choques e dos cheques para a sua saia. Pioneiro, faço-te rainha. Escrevo e mexo em peças e passos. Diversifico-me em versões diversas, de versos, sem limites e espaços.
Antes o amor e não o mesmo a esmo como jogo ou ciência, para que a convivência não se torne conveniência como em um posto, como apostas em animais que pastam, como um aposto, entre vírgulas, em que Virgulinos e 'Lampiões' são lampejos sem Marias-Bonitas.



Antes da construção, a instrução. Nossa fundação para alicerçar e ali cessar qualquer entrave ou treva. Com quatro folhas e trevos, cercear tratores de estrutura, pois não haverá entulho em nossos atalhos, cascalhos em nossas telhas e qualquer um verá com veracidade que nos amamos à vera. E até os Verões nos verão velhinhos na velha cidade, juntos a cada janta.
Antes que o esquecimento dure mais que um momento, talho com centelha, fermento e bolo, as feições da perfeição do nosso encaixe como cimento e tijolo: sua lógica matemática e meus contratos com o abstrato. Suas contas e meus contos: nossa decoração.
De coração, na morada, comigo, casa?